domingo, março 23, 2008

23 Dezembro de 2004

Shower Dance com a Kátia

Ponho o despertador para as 16 e 33, mas acordo antes. O Rui vem às 18 ver o CPU do computador. Vou nadar para o Holmes.
Levamos o CPU à Triudus de Alvalade. Fontes de alimentação é que não há. Vamos alimentar-nos depois para o Galeto. Começo a ficar fatalista em relação ao computador.

23h30m - Despeço-me do Rui. Dou duas voltas à Gulbenkian para desmoer a carne de porco à portuguesa e as quatro águas Fastio.

24h - Salta-me a “tampa” e resolvo atravessar o Parque Eduardo VII outra vez, ao lado do jardim Amália Rodrigues. Não escondo nada. Fica tudo nos bolsos. Tenho umas luvas de esqui dadas pela minha prima Guida, porreiras para a “batatada”. Estou com um insólito espírito de “venham eles”.
Ninguém à vista. Na Artilharia Um há três putas. Ao todo, na zona, apenas 10. Pergunto o preço dos “beijinhos”:
— São 15 euros.
— E quanto tempo é no quarto?
— O que levar a despachar-se.
— Faz sexo anal?
— Não.
— Muito obrigado. Boas Festas.
— Obrigada. Igualmente.

00h30m - Atravesso o Parque de volta, na zona mais escura. Dou uma segunda hipótese de me assaltarem. Estou bem disposto, mas apetece-me estalo. Não sou nada eu. Sinto-me rápido e perigoso.
Nada. Só dois paneleiros perto da estátua do Cutileiro.

01h - Chego a casa. Mudo de roupa. Levo 150 euros para o Photus. Vou de gel “Carpe Diem” e perfume “Dimitri”.

02h - Chego ao Photus. Dou as “Erecções” ao Flávio, o man da porta. Deixo mais um livro para o dono, o Vítor Trindade, que me agradeceu mais tarde, quando nos encontrámos. Começo por beber Bacardi Cola. Depois passei para o Bacardi Limon.

03h - Faço “Erotic Show” com a paulista Mary. É na cama, em vez de na cadeira. São mais 5 euros. O Photus está tipo estádio de futebol na festa de natal. Uns 200 tipos lá dentro. É table dances por todo o lado. Um gajo nem sabe para onde olhar.
Fico magnetizado por uma loura da Roménia, a Valentina, que não tira a tanga. Mais tarde sei que é por causa dos convites não darem direito a strip integral. As tables estão de “atar e pôr ao fumeiro”, duram uns 5 minutos. As strippers não têm tempo de respirar.
A Mary já está muito cansada. Nem se lembrava muito bem que tinha estado no Cabaret da Coxa no mesmo dia que eu. É muito querida e pede desculpa por não me conseguir dar mais atenção. Nas costas tem um índio tatuado.
Está em Portugal há seis anos e a carrinha do “Passerelle” tinha a sua foto, em tamanho grande. Mas depois tirararam, porque a Polícia multava. A foto não deixava ver o interior da carrinha.

03h15m - Volto à sala. Encontro o Mesquita, que era do kick-boxing do Sporting. Falamos dos combates do Fernando Fernandes no Arena. Passado um bocado chegam o Quaresma (FC Porto) e o Manuel Fernandes (Benfica). Ficam sentados com o Mesquita. Distribuo “bacalhaus” e agradeço ao Quaresma o último golo no antigo estádio do Sporting. Desejei-lhe um bom 2005 a nível pessoal e as maiores infelicidades futebolísticas para o FC Porto.

03h45m - Sento-me a uma mesa com um tipo simpático. Peço a shower com a Valentina. Ela não faz shower. A Mary também não faz Contact Dance, porque há clientes que são pegajosos.

04h30m - Vou para a Shower Dance com a Kátia, lisboeta de ascendência angolana.
Dispo-me e visto-me no WC, mas não há cabides. É na base do desenrascanço lusitano. Penduro a camisa numa torneira, as calças numa argola do poliban, meto as meias no bolso das calças. Visto o macacão azul de astronauta/jardineiro e espero pela Kátia no corredor.
Lá vamos para o chuveiro. Ela pediu-me para não lhe passar com a esponja na barriga, porque tem um piercing muito recente. A ensaboadela decorre ao ritmo da música. A miúda é simpática, mas o ritmo é ultraveloz. A noite não está nada alentejana.
Volto ao WC. Seco-me e visto-me. Não há secador e existe apenas uma toalha para os clientes todos. No chão há um sacalhão com um pó branco lá dentro. Fico intrigado. Para cocaína ou heroína é demasiado produto. Tem para aí uns 15 quilos. Ponho-me de cócoras. Será cimento de cor branca? Leio as palavras por fora do saco. Mas aquilo está em várias línguas. Lá descubro a solução do mistério: “pasta de agarre para juntas”. Parece que é para afagar os solos e juntar as placas. Soube mais tarde, por quem percebe do assunto.

05h10m - Saio. A conta é de 94 euros.

06h04m - Estão 5 graus. Ainda há cinco putas pedestres e uma auto-puta à volta do Técnico.

06h30m - Entro na pastelaria “Flor das Avenidas”. Tomo uma água das Pedras.

06h40m - Não me apetece sofrer, para saber se durmo. Tomo dois kainevers. É um último esforço por este diário.